domingo, 29 de junho de 2008

JAZ




Há ausência em definitivo,
Noites de insônia em conexão.
Intervalos da alma,
Fases da percepção.


Id para uma crise,
Inconscientes ancestrais.
Feitiço de Circe,
Alma que foi e jaz.

Depois, outra vez semente,
Vem de lá dos Hades,
Gente de novo,
Em versos admiráveis.


Carlos Vilarinho 29/06/08

quinta-feira, 26 de junho de 2008

POEMA DE ESPERANÇA DO POETA




Em pequenos goles
Deve-se beber a vida.
Gotas de sentimentos.
Misto de infância
E de idade madura.
Na trilha do destino,
Ora! Deves cair.
Sem desatino,
Mas com seiva e energia
E possuído de orgulho Divino.
Olhar puro de criança,
Leve e diáfano.
Luz e esperança.

Carlos Vilarinho 27/06/08

quarta-feira, 25 de junho de 2008

FELIZES PERDIZES



Felizes perdizes
Que não são tristes
Como o poeta
Que em melancolia, dizes:
Que amargor ver-te,
Sentiste o coração aos pulos,
E em percepção oculta
Desejar carregar em retorno
Mesmo que o diabo não deixe,
Seu próprio coração
Para minha alma retalhada
Em feixe.

Felizes perdizes
Que não são tristes...


Carlos Vilarinho 25/06/08

terça-feira, 24 de junho de 2008

A CACHAÇA DO TEMPO




A cachaça que domina,
O tempo que escraviza.
O vício que difama.
Entorpece.
A linha tênue da mão.
O gole que demorou no tempo.
A tarde que adormece.
A cabeça que roda.
Por que não corres da raia e andas na linha,
Em equilíbrio torto?
Especula e gasta o tempo
Ao vê-lo passar,
Sem dor perfeita de destruição.
O copo perplexo de boca larga
Espera a outra boca ávida
Cheia de angústia a beijá-lo.
O beijo da vida e da iminente
Morte...

Carlos Vilarinho 24/06/08

domingo, 22 de junho de 2008

INVERNO & INFERNO



O inverno esfria,
O inferno aquece.
O inverno aquece os corpos,
O inferno queima-lhe as entranhas.

O inferno é o juízo final,
Caminho para a imortalidade
Na frieza jubilada.

O inverno é um sangue cinzento
Que habita nas manhãs e nas tardes
À noite, ele escurece sozinho no silêncio
E molha a madrugada.

“Hoje a tarde está calma e o céu tranqüilo”
Dorme o inferno cálido no seu ventre
De mulher adormecida.

Mesmo seus lábios orvalhados,
Entre pernas e solidão de inferno.
Ler literatura,
É graça e memória de inverno...

Carlos Vilarinho 21/06/08

terça-feira, 17 de junho de 2008

NAMORADOS PERDIDOS



Pressa em baixo ventre,
Fumegam e arfam,
Os lábios entre as pernas.
Um coito infante.

Nada que julgues
O desmantelado amor e capricho seguinte.
Nada sem razão pertinaz.
Cinzenta paixão pedinte.

Aaah, esse amor de imagem!
Singelo e doce como pudim.
Profunda alcova e vertigem.

Letras implacáveis de amor.
Em encruzilhadas de silêncio,
Remanso na sombra da dor.

Carlos Vilarinho 16/06/08

domingo, 15 de junho de 2008

A IDADE DA VIDA



Toda manhã
Quando nasço.
Fico inquieto,
Preso ao laço
De uma atmosfera juvenil.

Não, não me embaraço,
Somente crio semente ambulante
E tomo espaço.

À tarde, já envelhecido.
Alquebrado e carcomido.
Leio figuras e imagens
Em sonho sonâmbulo
De outros personagens.

À noitinha, de madrugada
Sem dormir e medicado
Sinto-me ontem,
com saudade e já delicado.
Cochilando de olho aberto
À espera de Caronte.



Carlos Vilarinho 10/06/08

sexta-feira, 13 de junho de 2008

POEMINHA DE DOIDO



Dentro da minha cabeça vestibular
Há um equilíbrio louco.
Doido varrido mesmo.
Expressões caducas tampouco,
Ecoam assaz e indiferentes
Para deixar rouco
O grito do sonho intermitente.
Sem afasia,
Gagueira
Ou até ironia.
Minha cabeça insana.
Vagueia e silencia.
Bafo de cana.
Penso em mente vazia.
O que diriam decanos,
Se outros vingassem a Filosofia
Com a absoluta verdade
Forjada em planos?

Carlos Vilarinho 12/06/08

MOVIMENTO METAFÍSICO





Uma, duas, três
Mil almas que eu tenha
Em dez, vinte ou trinta vidas...

Em um ou dois sóis
Brilhando ou refletindo
Mil constelações.

Deles eu vejo outro eu
Fora de mim.
Sem que eu mesmo
Veja algumas sombras...

Mais estão, em eus distantes.
Assim díspares e dissonantes.
Em terras e oceanos
D’ eus em instantes?

Quantos milhares de mim hão?
Que nunca formam outros
Em vão.
Só em translação.

Carlos Vilarinho 11/06/08